25/08/2012

Era da mesma família *

"Não era amor mas era da mesma família. Pois sobrou o que sobra dos corações abandonados. A carência. A saudade. A mágoa. Um quase desespero, uma espécie de avião em queda que a gente sabe que vai se estabilizar, só não se sabe se vai ser antes ou depois de se chocar contra o solo. Eu bati a 200 km por hora e estou voltando á pé pra casa, avariada. Eu sei,não precisa me dizer outra vez. Era uma diversão, uma paixonite, um jogo entre adolescentes. E nós jogamos durante tanto tempo. Houveram tantos 'game over' que quando finalmente o jogo ficou sério deitamos tudo a perder e não voltamos ao 'play again'. Talvez este seja o ponto. Eu não te amei. Eu tenho certeza que não. Eu amei todos os dias que passamos juntos e amei-me de todas as maneiras que me fizeste sentir. Não era amor, era sorte. E tanto abusamos da sorte que um dia ela abusou de nós. Queria-te como irmão aqui e agora. Não era amor, era melhor."

Continuo irremediavelmente fraca no que toca a recordações e tive mesmo que postar esta. :)

AFRAID

Encostou-se no banco a fazer birra e não iria sair dali até que ele dissesse ou fizesse alguma coisa. Aquela miúda era tão ridícula! As coisas tinham de ter sempre uma mãozinha dela ou então já não era igual. Passaram-se várias músicas, várias pessoas e nenhum deles se mexia. Ela estava a ficar irrequieta mas não dava o braço a torcer, para variar. Possuída por um orgulho inigualável, nada a faria arredar pé daquela situação. Não precisava de palavras, apenas atitude. Ele começou a fixar o olhar nela com um sorriso nos lábios e só isso já a estava a derreter. Mas nem assim ela deu o braço a torcer. De repente começa What If dos Coldplay e algo na letra a faz abrir os olhos. E se amanhã ele já não está? E se ele se cansa das birras? E se ele um dia se lembra que não tinha planos para depois? As lágrimas quase que surgem mas ela lembra-se que ele está bem ali ao lado a observá-la e contém-se. Nesse momento ele abre a porta como quem vai embora e ela petrifica! Fecha a porta e vira-se com cara de miúdo a sorrir! Eles eram tão UM! :D

10/08/2012

Mais uma vez, a minha querida amiga Guida :)

"Entre os pares de namorados que conheço, alguns estão casados há mais de 40 anos, outros têm menos de 25 anos e não têm planos de casamento, mas há uma coisa que o une: a vontade de estar com alguém senão para a vida, pelo menos na vida, já que viver só é coisa de bicho e mesmo assim, são poucos os que assim vivem. 
Estes, conjugam os verbos estar, partilhar e viver sem pensar no que isso implica. A explicação é simples: mais ou menos carentes, mais ou menos afectivas, são pessoas sem medo de dar amor, mesmo sabendo que nada é seguro e fiável, que nada é para a vida, a não ser a morte. E namorar é isto mesmo, viver a dois.
Dá muito trabalho viver a dois, mesmo que não se viva debaixo do mesmo tecto. É como se a nossa vida deixasse de ser completamente nossa; há outro, uma outra pessoa que também a vive connosco, que faz parte dela. Uma pessoa que cuida de nós e de quem precisamos de cuidar. Alguém que, antes de nós, já viveu uma vida inteira, já amou outras pessoas e já lambeu as feridas. Alguém que é um conjunto intrigante e complexo de defeitos, qualidades e experiências, alguém único e difícil de entender, tal como nós. Mas, acima de tudo trata-se de alguém que gosta de nós. E que gosta tanto que é connosco que quer partilhar a vida. Parece simples, mas deve ser a coisa mais complicada do mundo. Mas então porque é que as relações são cada vez mais fugazes e difíceis de manter? 
Porque dá muito mais trabalho namorar. Mas também dá muito mais gozo. Como diz o Mick no filme Monstros & Companhia, sou tão romântico que me podia casar comigo mesmo. Eu também podia, mas era uma grande chatice. Prefiro procurar no outro as diferenças que nos unem. Prefiro investir, programas viagens com meses de antecedência, sonhar casas em terrenos baldios, dar a mão, oferecer músicas e palavras, dormir agarrada e acordar com o mais belo sorriso do mundo ao lado como meu despertador particular. Prefiro conjugar os verbos estar, partilhar e viver, sem pensar no que isso implica. Viver um dia atrás do outro, de vez em quando pensar no futuro, de vez em quando ter saudades do passado, mas não perder o fio dos dias, a paz construída que me dá serenidade e segurança. Não vale isso muito mais do que andar aos tiros para o ar, numa de tentativa e erro, a cansar o corpo e coração, em guerras de amor?"